Cratera no Belvedere traz transtornos. Morador quer obras que solucionem o trânsito, além de bom senso

O empresário e morador do Belvedere, Marcos Antônio de Almeida, conhecido como “Bueno”, afirma que a situação enfrentada com o buraco que se formou na Avenida Eurico Gaspar Dutra “leva a necessidade de alargar os pontilhões da região, abrir novas pistas de tráfego e criar novas passagens e interseções através da linha férrea.”

Mais de 20 dias após a gigante cratera se formar na Avenida Eurico Gaspar Dutra, no bairro Belvedere, o trânsito ser desviado para a BR-356, e a obra ser embargada pela Superintendência Regional do Trabalho por oferecer risco aos trabalhadores, nenhum avanço foi obtido até então. Pelo contrário, haverá necessidade de novas aberturas por parte da Prefeitura de Belo Horizonte para verificar a situação de redes subterrâneas de drenagem em outros pontos da via, que apresentam pequenas fissuras no asfalto.

Além disso, alguns moradores da proximidade reclamam de odor de gás que pode ser emanado de alguma tubulação comprometida. Enquanto as forças políticas não buscam uma solução rápida para o problema, a população sofre com o trânsito caótico e está convivendo com congestionamentos em várias horas do dia, com reflexos no Vila da Serra, no Alto Santa Lúcia e Sion, no Mutuca e na Avenida Nossa Senhora do Carmo. E, se tem como piorar, isso acontece após os primeiros pingos de chuva.

Utilização da linha férrea

Morador do Belvedere desde 1992, o empresário Marcos Antônio de Almeida, da MG Consultoria Imobiliária, explica que há muitos anos o trânsito vem complicando e dificultando aos poucos o cotidiano das pessoas e que agora, com o fechamento de um dos acessos do bairro por causa da obra da cratera, a situação se agravou. Segundo ele, é preciso ter bom senso e entender que a solução passa pela ação das duas prefeituras – BH e Nova Lima, e que de nada adianta remar contra o progresso da região, “porque nostalgia não resolve problema”.

Para ele, a solução, além do pacote de obras anunciado recentemente pelos dois municípios, está na utilização da linha férrea para a instalação de uma avenida, com parque, que jogaria o trânsito para a BR-040.

“Este problema é na verdade uma briga de egos e na teimosia de alguns. Precisamos ser práticos e cobrar das autoridades uma solução que seja pensada para os próximos 30, 40 ou 50 anos. O fato é que o vetor sul está crescendo e a topografia da região desfavorece alternativas de transporte como o metrô, por exemplo, ou uma ciclovia que aqui é inviável. Chega de ilusões, a região requer obras grandes que solucionem o trânsito”, ressaltou Marcos Antônio de Almeida.

Fantasias

Marcos Antônio, ou Bueno como gosta de ser citado, conta que há três regiões na cidade para crescer: Norte, Leste e a Zona Sul com pouquíssimos terrenos disponíveis. E que neste contexto, Nova Lima ganha protagonismo porque está na divisa com Belvedere e possui o menor IPTU entre as cidades, “o que empurra o crescimento”.

Segundo ele, “é preciso tomar consciência que há 40 anos, a Capital era uma cidade e hoje não guarda mais as características de anos atrás. A Avenida Raja Gabaglia, aqui vizinha, foi pensada para uma outra época, com faixas de rolamento bastante estreitas e nada foi feito pensando em outro tipo de transporte que não o carro. Hoje, o Vila da Serra e o Belvedere são responsáveis por impactos no trânsito do Anel Rodoviário e na Avenida Nossa Senhora do Carmo, e para resolver isso é preciso uma obra maior que realmente cumpra o papel de desafogar o trânsito”, reiterou.
Bueno comenta que enquanto houver ideias utópicas como trazer o metrô para a região e trenzinhos circulando, tudo continuará na fantasia. “Entendo que o metrô é importante, e para ele se tornar realidade precisa ter financiamento, subsídios, manutenção, projeto estrutural diferenciado para a topologia. Porém, ao invés disso, é preciso concentrar-se em estudos de engenharia de tráfego que utilize os espaços ociosos da linha férrea, que já possuem invasão, para intervenções com soluções abrangentes. Se deixarmos a linha do jeito que está, em breve nem parque mais teremos lá. Lamento dizer”, desabafou.

Depreciação de imóvel

O morador explica que as pessoas vieram para a região em busca de qualidade, então precisam encontrar mobilidade também: “O mercado precisa dar uma resposta, pois ninguém quer a depreciação de um imóvel por causa de trânsito interferindo no cenário da região e na rotina dos negócios. Apesar da dificuldade a ser vencida, é preciso alargar os pontilhões da região, abrir novas pistas de tráfego e criar novas passagens e interseções através da linha férrea. Porque, a população não deixará de adquirir veículos, de adquirir SUVs, carros maiores. Não há horizonte para o transporte público de qualidade que faça com que todos abandonem seu carro na garagem. A região continuará a ter aqui funcionários domésticos e outros de grandes empresas, clientes de shoppings, prestadores de serviços, alunos e outros circulando diariamente em seus direitos de ir e vir. Quando a lei em BH limitou o número de garagens em construções, esqueceu de dizer que quem aprova uma lei não anda de ônibus, não utiliza transporte público e deixa seus veículos na rua. Ou seja, este sonho de ninguém usar carro, ele não existe”, finalizou.

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