Desde a última segunda-feira, 29 de abril, hora a hora recebemos notícias da tragédia do Rio Grande do Sul. Celulares não funcionavam, falta de energia, falta de água potável e o Estado isolado do resto do país. A tragédia atual é de proporções inéditas, mas imprevisível. Os problemas ambientais no estado vivenciados em eventos climáticos extremos principalmente nos últimos dois anos já vêm de outros tempos.
O grande culpado é o fenômeno El Niño que segundo o IMET, “… é caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador. No Brasil, o fenômeno aumenta o risco de seca na faixa norte das regiões Norte e Nordeste e de grandes volumes de chuva no Sul do País. Na direção norte-sul essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo País. Logo, as frentes ficam concentradas por mais tempo na Região Sul do Brasil.”
O El Niño é um fenômeno natural que existe há pelo menos dois milhões de anos, mas nos últimos tem se agravado devido ao maior aquecimento do planeta, tendo em vista que, com base nos registros existentes, a média da temperatura global já atingiu o aumento de 1,56°, valor esse previsto para ser atingido somente em 2030. Sendo assim, as águas oceânicas nunca estiveram tão quentes e quanto mais quentes, maiores serão as evaporações e produção de vapor d´água, causando o desequilíbrio entre locais de muita seca e locais com chuvas intensas.
Maior atenção ao clima
O que vemos é uma necessidade urgente de dar maior atenção ao clima já que a tendência é a situação se tornar cada vez mais crítica, prejudicando não só a relação de alternância entre os períodos de chuva e seca, mas também a preservação da biodiversidade oceânica, o que pode ser percebido no esbranquiçamento dos recifes de corais e na extinção de milhares de suas espécies.
O Rio Grande do Sul continuará com os fenômenos ambientais de precipitação média e extrema ao longo dos anos, ou seja, haverá mais chuvas concentradas e severas. E com certeza hoje, se investe muito pouco em um Estado que está tão vulnerável a eventos extremos. Além de recursos financeiros de planejamento urbano, é necessário planos de Educação Ambiental para urgentemente nos conscientizar e assim equilibrar os impactos e tudo que temos feito. A Terra pede socorro e precisamos dar condições para evitar que um desastre ainda maior ocorra.
É preciso consolidar um efetivo sistema que envolva todos os níveis: governo, demais instituições públicas, privadas e a sociedade, para a prevenção das causas que incidam nessas mudanças climáticas, bem como na conscientização de que somos minimamente responsáveis por essas alterações, bem como na defesa das populações vulneráveis e na mitigação das suas consequências.
Infelizmente, está cada vez mais comum se ouvir falar sobre essas tragédias ambientais não só no Sul, mas em todo o país, bem como sobre seus significativos impactos ambientais como a escassez da água, o aumento da poluição, o impacto ambiental do lixo, enchentes e alagamentos, bem como tantos outros desastres naturais. O que vemos com isso é nossa diversidade biológica sendo extinta pelas atitudes irresponsáveis causadas por nós, que pouco temos feito pelo nosso planeta.
Defender, de fato, a segurança do meio ambiente e das pessoas é garantir o acesso aos serviços básicos de conservação ambiental e de infraestrutura urbana voltados para a sustentabilidade, sem gerar a insegurança de ter a sua casa alagada e seus bens destruídos a cada tragédia tantas vezes já prevista e anunciada.
O primeiro passo é abandonar a postura de que não somos responsáveis ou de que não somos capazes, e pensar numa verdadeira organização do espaço rural e antrópico e no equilíbrio do acesso aos serviços básicos que servem para o desenvolvimento do local, bem como na proteção das bacias hidrográficas e demais componentes do ecossistema.
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