A mobilidade urbana e o trânsito caótico de Minas Gerais

A cidade de Belo Horizonte faz parte do ranking que mapeia os piores trânsitos do mundo. A Capital mineira ocupa a 39ª posição de uma pesquisa internacional que mapeou 390 cidades com grande tráfego de veículos em todo o mundo. O estudo recém-divulgado mapeou quanto tempo uma pessoa gasta para percorrer 10 km dentro das cidades analisadas. Por aqui, o motorista gasta cerca de 22 minutos, já em cidades como Portland, nos Estados Unidos, que tem tamanho similar à Belo Horizonte, o tempo gasto é cerca de 13 minutos.

Mas não é preciso ultrapassar as fronteiras, tampouco a divisa do Estado de Minas Gerais para perceber que a Região Metropolitana de Belo Horizonte passa por um problema sistêmico de mobilidade urbana. Em Brasília, por exemplo, a mesma distância de 10 km é percorrida em menor tempo que em Portland, ou seja, menos de 13 minutos. Nesse caso, o fator planejamento urbano feito na capital do Brasil (e a falta dele na região central de Minas Gerais) explica os problemas pelos quais a capital mineira e as outras cidades da região têm passado.

“O desenvolvimento para ser sustentável e garantir a qualidade de vida da população deve ser alinhado como um tripé: desenvolvimento econômico, proteção do meio ambiente e o olhar para a parte social.”

O crescimento de Belo Horizonte se deu de forma rápida. A expansão da cidade fez com que o entorno da Capital também crescesse e se tornasse cada vez mais populoso. O maior exemplo desse crescimento é Nova Lima. O excesso de construções na região causa grande entrave para a mobilidade urbana. São prédios cada vez mais altos em um espaço que não foi preparado para receber uma expansão tão significativa, deixando a vida de quem transita pela região mais difícil.

Isso não quer dizer que o crescimento econômico e o desenvolvimento da região são ruins, mas é preciso olhar para a expansão a partir da sustentabilidade. O desenvolvimento para ser sustentável e garantir a qualidade de vida da população deve ser alinhado como um tripé: desenvolvimento econômico, proteção do meio ambiente e o olhar para a parte social.
Ao priorizar – apenas – as construções, o lado social é deixado de lado, o que inevitavelmente acarreta um péssimo trânsito em vias estreitas que não acompanharam o desenvolvimento imobiliário e que refletem na saúde mental da população, aumentando stress, transtornos e perda na qualidade de vida.

A sustentabilidade defendida, portanto, é sobre o equilíbrio entre as partes, de modo que quando os três pilares são considerados, a qualidade de vida aumenta, os problemas ambientais e de mobilidade urbana diminuem e o desenvolvimento econômico da cidade e do ramo imobiliário é garantido. É hora do poder público, as empresas e a população dos centros urbanos mudarem a perspectiva, pois com o crescimento desordenado os problemas sociais e ambientais devem se multiplicar.

Por Cristiana Nepomuceno Soares / Bióloga e advogada ambiental do Nepomuceno Soares Advogados Associados

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