Condomínios em alerta com pontos de abastecimento para veículos elétricos

Muitos edifícios e residenciais já estão considerando a instalação do eletroposto desde a sua construção, mas é importante conhecer todos os riscos e limitações em relação aos carros elétricos e a mudanças nas apólices de seguro.

Com a chegada dos carros elétricos, os condomínios e seus síndicos precisam considerar várias questões para se adaptarem a essa nova realidade de mobilidade sustentável. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em 2023, foram vendidos 93.927 automóveis híbridos ou elétricos no Brasil, correspondendo a um aumento de 91% quando comparado a 2022. Como consequência desse mercado em expansão, muitas construtoras já estão considerando a instalação de pontos de abastecimento na construção do empreendimento. A adequação também é considerada um diferencial para os condomínios já existentes, a fim de atender a uma demanda cada vez mais comum entre seus moradores.

Seguro

Recentemente, dois episódios – um no Vila da Serra e outro em Alphaville – envolvendo a passagem de corrente elétrica acima do normal e o superaquecimento dos condutores que deram início a um pequeno incêndio na fiação, acendeu um alerta aos síndicos: como assegurar o serviço e o bem coletivo. Segundo André Rocha, consultor da ALL IN ONE Corretora de Seguros, uma empresa especializada na gestão de risco pessoal e corporativo, não são todas as seguradoras que oferecem esse tipo de proteção e o cliente deve ficar atento. “E se o recarregador for furtado? E se o veículo pegar fogo e danificar a construção ou outros veículos? E se o aparelho der defeito e danificar o veículo que está sendo carregado? São inúmeros os riscos envolvidos que merecem sua devida atenção”, explica o consultor André Rocha.

“Uma das empresas que saiu à frente foi a Tokio Marine. A seguradora acaba de disponibilizar nos produtos ‘Condomínio e Residencial’ novas coberturas que garantem proteção a equipamentos de recarga de bateria para carros elétricos. O novo serviço está alinhado às tendências de mobilidade e a um projeto de cidade que mira em relações de consumo mais sustentáveis. Nos últimos meses, a demanda de seguros para produtos específicos como o carro elétrico aumentou consideravelmente. Isso porque o custo de instalação é alto e o proprietário precisa se assegurar de todos os eventuais sinistros”, concluiu André Rocha.

Instalação de um eletroposto

Em entrevista recente à revista Apólice, o diretor de Precificação e RD Massificados da seguradora, Arnaldo Bechara, declarou que: “Tanto na construção que já preveja os eletropostos quanto em uma adequação em um imóvel já existente, há a necessidade de um investimento relevante para a aquisição e instalação dos carregadores, que, por consequência, demandam proteção. Trata-se de um patrimônio comum dos condôminos que diferencia o empreendimento e, a longo prazo, pode trazer conforto e praticidade aos moradores”.

Entretanto, a instalação de um eletroposto para veículo elétrico em condomínios e residências não é apenas uma questão de instalar mais uma “tomada”. Inúmeros aspectos devem ser avaliados como por exemplo análise de demanda, projeto detalhado para avaliação de capacidade de carga elétrica, infraestrutura física adequada e por fim, mas não menos importante, o seguro residencial/condominial.

Riscos e limitações

Para Leonardo Diniz Mascarenhas, Síndico Orgânico e Diretor Nextin Brasil, é importante conhecer todos os riscos e limitações em relação aos carros elétricos. Segundo ele, a demanda por pontos de abastecimento nos condomínios é crescente e requer cuidados, motivo para não haver omissão por parte de moradores e síndicos. “As baterias continuam sendo o grande vilão da história. A questão de superaquecimento, tempo de recarga e peso ainda não estão sendo plenamente resolvidas. Por isso, o custo de produção ainda é caro. E, como muitos desses compradores moram em condomínios, o que requer dos gestores, o desenvolvimento de uma gestão de riscos. Não basta apenas ‘instalar uma tomada’ e aceitar a pressão dos proprietários. É preciso avaliar vários pontos, como a capacidade de carga do empreendimento, informar à seguradora sobre as instalações e verificar a necessidade ou não da alteração na apólice de seguros. Tudo isso, através aprovação em assembleia, com registro em ata de todas as implicações”, ressalta.

Atualmente, os novos empreendimentos imobiliários já estão investindo na infraestrutura de rede para a recarga dos veículos elétricos e disponibilizam os pontos para os novos moradores. Mas, a maioria dos edifícios não possui nem a infraestrutura para a instalação da estação, o que vem exigindo a atenção especial por parte de síndicos e gestores. Para Lúcia Rosa Pereira, da equipe de Síndicos Profissionais da Expert Consulting, consultoria especializada em soluções integradas para o mercado condominial e imobiliário, a instalação para os pontos de recarga precisa, inicialmente, passar pela assembleia para deliberação, para que os condôminos aprovem ou não o estudo que poderá dizer se o condomínio pode receber as estações de recarga, no sentido de não prejudicar o fornecimento de energia do empreendimento. “E após as demais definições, como a infraestrutura necessária, definir se o condomínio irá optar por pontos individuais ou coletivos. Outro destaque é a necessidade de alteração na apólice de seguro do condomínio, é preciso estar atento à segurança dos condôminos”, destacou Lúcia.

Para Alexandre Almeida, engenheiro de Controle e Automação da Enérgica Soluções Verdes, o carregador de veículo elétrico tem suas particularidades e não é simplesmente uma instalação de uma tomada para dimensionar a rede. “Com o crescimento exponencial da venda de veículos elétricos, a partir de 2022, foi criada a NB 17019, uma extensão da NB 5410, que traz todos os requisitos para a instalação elétrica fixa destinada a fornecer energia elétrica aos veículos elétricos. O que deve ser seguido pelo profissional que vai realizar o serviço, pois se todas as recomendações forem observadas não haverá problema”, informou.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a instalação não traz implicações no laudo do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), mas resulta na necessidade de um parecer de engenheiro eletricista atestando se a rede originalmente construída suporta a carga adicional para uma ou várias estações.

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