Comprar é uma ação que faz parte do dia a dia de praticamente toda população mundial. Ainda mais nessa época do ano que se inicia. São diversas as propagandas, os novos produtos, as festas e confraternizações… Todos estimulando o consumo cada vez mais exacerbado. O que vemos é um fenômeno típico da cultura atual regida pelo capitalismo.
Além de estar mal distribuído, o consumo está descontrolado: cerca de 20% da população mundial concentra o consumo de 80% de todos os produtos e serviços do planeta, segundo o Instituto Akatu. E, a cada ano, mais de 150 milhões de novos consumidores entram no mercado. Isso significa que, nos próximos 20 anos, teremos cerca de três bilhões de pessoas desperdiçando alimentos, demorando mais do que o necessário no banho, gastando mais energia, observando vitrines de shoppings, esperando por horas nas filas das lojas e comprando cada vez mais pela internet.
O dispêndio seja de toda e qualquer coisa, seja um produto ou serviço, traz consigo consequências positivas e negativas. O ato de consumir afeta não apenas quem faz a compra, mas também o meio ambiente, a economia e a sociedade como um todo. Portanto, é relevante refletir sobre os nossos hábitos e estarmos atentos a real necessidade do que consumimos e aos possíveis impactos que uma compra pode causar.
A grande questão está na indiferenciação entre desejo e necessidade. A indústria incentiva a confusão entre satisfação imediata e produção dos desejos. A todo o tempo desfilam sobre os nossos olhos, independentemente da classe social, nível escolar ou financeiro, produtos oferecendo o poder de ser o sujeito especial, importante, belo a partir de um padrão definido pelas mídias. É também o responsável direto pelos milhares de dejetos despejados todos os dias no meio ambiente. Além do lixo orgânico, são objetos e equipamentos descartáveis pelo consumo acelerado como pilhas, celulares e baterias, etc.. Isso demonstra que na relação entre o homem e o trabalho, ocorre uma projeção autodestrutiva: o significado daquilo que é descartável se projeta no próprio criador. Acontece então aquilo que chamamos de “autocoisificação”, a relação entre sujeito e objeto.
O impacto ambiental
Como o consumidor é a ponta final do ciclo de produção, algumas atitudes podem ser adotadas para minimizar o impacto ambiental do nosso consumo. Assim, surge o CONSUMO CONSCIENTE. Também chamado de consumo sustentável, nada mais é do que consumir melhor. É um consumo diferente do paradigma de consumo imediatista, que busca apenas a satisfação rápida e o lucro, sem considerar as consequências ambientais.
O consumo consciente busca fazer mudanças de comportamento e priorizar um estilo de vida “eco-friendly”, consumindo menos, fazendo doações para instituições de caridade e dando preferência a produtos e serviços de empresas socialmente responsáveis.
Produzir menos lixo, facilitar a coleta seletiva, planejar suas compras no dia a dia, saber se são produtos piratas ou contrabandeados, conhecer a origem, e os processos de fabricação dos produtos que compramos e saber quais os impactos que eles causam ao longo de toda sua vida útil, da extração da matéria-prima ao seu descarte final, são algumas dicas de atitudes que fazem a diferença. Esse olhar é também o que permite ao consumidor consciente cobrar mudanças do poder público. Ele sabe que tem um grande poder em suas mãos ao escolher um produto e pode transformar a sua compra em um ato de reconhecimento de boas práticas sustentáveis.
Preciso realmente comprar?
Tudo isso começa pela análise prévia da necessidade: preciso realmente comprar? Em caso positivo, o consumidor deve definir as características que precisa no produto, pensar sobre como irá comprar, escolher o fabricante de acordo com sua responsabilidade socioambiental na produção, fazer um uso ideal do produto para que ele tenha uma vida útil mais longa e, por fim, definir uma forma de descarte adequada. Só assim, tomando decisões conscientes em cada uma dessas fases, o consumidor poderá comparar e escolher a melhor opção e assim minimizar os impactos do nosso consumo no planeta, já que cada item afeta todo o ecossistema, pois consome água, energia elétrica, petróleo e outras matérias-primas para sua produção.
Cada novo produto comprado representa um gasto adicional de recursos naturais e humanos, além do descarte do item que está sendo substituído. O consumo consciente é, portanto, parte de toda sociedade que preza pelo desenvolvimento sustentável e é um passo importante para a construção de uma Economia Circular. Repensemos nossos conceitos!
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