Economia brasileira tem perspectivas positivas para 2024

Para o professor da Fundação Dom Cabral (FDC) e sócio da Goose – Consultoria & Treinamentos, Haroldo Márcio, o Brasil enfrenta desafios, como a implementação das reformas econômicas, mas também tem oportunidades, como o reposicionamento das cadeias globais de suprimentos. O especialista explica também sobre vantagens competitivas do país no cenário internacional e prevê manutenção entre os dez maiores do mundo.

As perspectivas da economia brasileira para 2024 são positivas, com expectativa de crescimento por volta dos 2,2% em 2024, impulsionado por investimentos, geração de emprego e queda da taxa de desemprego. O Brasil já tinha se diferenciado no cenário mundial, com um crescimento de 3% em 2022 e de 2,92% em 2023. O país deve se manter entre as dez maiores economias do mundo em 2024.

De acordo com o professor da Fundação Dom Cabral (FDC) e sócio da Goose – Consultoria & Treinamentos, Haroldo Márcio, o Brasil enfrenta desafios, como a implementação das reformas econômicas, mas também tem oportunidades, como o reposicionamento das cadeias globais de suprimentos. “Com a guerra na Ucrânia e as tensões geopolíticas, as empresas estão buscando diversificar seus fornecedores e reduzir sua dependência de países específicos. Isso abre oportunidades para o Brasil, que tem uma economia diversificada e uma força de trabalho qualificada”, explica Haroldo.

Na visão do especialista, para aproveitar essas oportunidades, o Brasil precisa implementar reformas econômicas que promovam o investimento e o crescimento. “O cenário é impulsionado, em parte, por medidas do governo que, ainda que não sejam as ideais, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, resultam em mudanças que geram melhores perspectivas de evolução”, destaca. “O país também precisa avançar na agenda ambiental, para se tornar mais competitivo no mercado global”, complementa.

Geração de empregos e controle da inflação

No Relatório de Inflação de junho de 2023, o Banco Central apontou que a melhoria da expectativa do mercado em relação à economia brasileira pode estar associada a incertezas menores em relação à situação fiscal e à percepção de que ficou menos provável uma possível elevação da meta de inflação para os próximos anos.

“Com a guerra na Ucrânia e as tensões geopolíticas, as empresas estão buscando diversificar seus fornecedores e reduzir sua dependência de países específicos. Isso abre oportunidades para o Brasil, que tem uma economia diversificada e uma força de trabalho qualificada”.

“Essa expectativa de inflação descendente para 2023, em torno de 5,12%, estendida para uma ainda mais decrescente para os dois próximos anos, demonstra a eficiência das medidas adotadas até agora”, avalia o professor. “Vale observar que a economia brasileira antecipou a política monetária e o trabalho já está realizado, de forma que o mercado espera uma queda de juros para os próximos meses e para o ano de 2024”, complementa.

O mesmo documento mostra que a taxa de desocupação tradicional está no menor nível desde 2015, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD Contínua. No entanto, essa queda da desocupação foi resultado, em grande medida, da retração da força de trabalho.

Já o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) voltou a registrar geração elevada de empregos formais nos últimos meses, após retração no fim de 2022, refletindo na forte retomada das contratações.

Cenário global

Se a inflação na economia brasileira desacelera, no nível global ainda continua elevada, impulsionada pelos preços das commodities – especialmente energia e alimentos – e pelas elevações de preços dos fretes marítimos. O pico inflacionário ocorreu entre os meses de maio e novembro de 2022, com tendência de queda a partir dos efeitos das políticas monetárias adotadas pelos bancos centrais.

A economia global deve desacelerar em 2024, com crescimento de 3%. As tensões geopolíticas causadas pela guerra da Rússia com a Ucrânia e as taxas de inflação global causarão, de um modo geral, retração ou recuperação lenta da economia mundial em 2023 e 2024. Os Estados Unidos e a Zona do Euro devem registrar crescimentos de 2,2% e 2%, respectivamente, no próximo ano, enquanto a desaceleração do crescimento da China deve ficar em 5%.

Desde a entrada na pandemia, a economia chinesa vem apresentando diversos problemas, sem recuperar seu crescimento padrão, que ainda permanece abaixo daqueles registrados na última década. Após alcançar níveis superiores a 10% ao ano entre 1991 e 2010, a China reduziu o ritmo e apresentou um crescimento de 2,9% em 2022, número considerado modesto para o gigante asiático.

Por estar relacionada ao maior parceiro econômico do Brasil, a situação da economia chinesa chama a atenção. Contudo, há motivos para manter o otimismo do lado brasileiro. “No âmbito dos alimentos, a China continuará com forte demanda, porque, embora desacelere, permanecerá em crescimento, com aumento da renda per capita. Outro ponto é que, em relação ao minério de ferro, ainda que o preço tenha caído 9%, o volume exportado pelo Brasil aumentou 8%, o que implica baixo impacto sobre esse produto”, finaliza Haroldo Márcio.

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