Usada para designar um momento decisivo e perigoso, a expressão que intitula este artigo nunca esteve tão próxima da realidade. A busca incessante do homem pelos recursos naturais envolve ações como os desmatamentos, queimadas e exploração de recursos hídricos que, realizadas de maneira não sustentável, podem acarretar danos muitas vezes irreversíveis aos ecossistemas. Entre as consequências advindas das atividades antrópicas estão a poluição (do ar, água e solo), o assoreamento de cursos d’água e o encolhimento cada vez mais acelerado dos habitats da fauna silvestre.
A supressão da vegetação, por si só, já impacta diretamente a vida dos animais, retirando deles suas fontes de alimento, abrigos e locais para reprodução. Algumas espécies só conseguem sobreviver na natureza em um determinado tipo de ambiente, como por exemplo as florestas preservadas. Nestes casos, eliminar a cobertura vegetal pode significar a morte, não apenas por falta de recursos, mas também pela dificuldade de adaptação dos indivíduos a outras áreas. Da mesma forma, a fauna aquática pode perecer diante da contaminação e da escassez de água.
Com a redução progressiva de seus habitats, diversas espécies tiveram que aprender a viver em novos ambientes e, na busca por espaço, comida e proteção, elas têm se aproximado das nossas residências, jardins, quintais e fazendas. Nas propriedades rurais, os grandes felinos não raramente abatem o gado para se alimentar e, em resposta aos ataques, os fazendeiros muitas vezes sacrificam as onças, sem imaginar os efeitos nocivos que a ausência destes predadores pode causar no equilíbrio dos ecossistemas. Em áreas urbanas, há relatos cada vez mais frequentes de avistamentos e até encontros com estes e outros animais de maior porte, como o lobo guará. Casas e condomínios construídos em área de mata também costumam receber inúmeros visitantes, que são atraídos pelas árvores frutíferas, insetos, pequenos vertebrados, néctar, etc. Entre eles, destacam-se os morcegos, gambás, saguis, quatis, corujas, serpentes e vários passarinhos.
Ainda que, de forma geral, a aproximação da fauna silvestre não represente perigo para os seres humanos, algumas medidas são capazes de minimizar as chances de um encontro inesperado. Uma das principais é evitar o acesso fácil dos animais aos alimentos que consumimos. O fornecimento de comida, mesmo que na melhor das intenções, pode trazer prejuízos à saúde deles, já que estão habituados a uma dieta específica e equilibrada no meio natural. O lixo orgânico mal acondicionado também é um atrativo para aqueles que se achegam em busca de uma refeição, devendo ser mantido em lixeiras bem fechadas com tampa.
Viver em meio à natureza, usufruindo do ar puro e do verde ao redor, é um desejo comum à maioria das pessoas. Porém, é preciso ter em mente que as áreas de florestas, especialmente as protegidas, abrigam uma variedade de animais selvagens, com os quais temos que aprender a conviver para garantir uma coexistência pacífica e saudável. Ao se deparar com um destes visitantes perto da sua casa, não maltrate, não mate. Lembre-se: somos nós os invasores de seu território e não o contrário. Procure conhecer melhor sobre a importância daquele animal para o ecossistema, como presa, predador, polinizador ou dispersor de sementes. E desfrute de um dos momentos mais mágicos da vida: ver um bichinho em seu habitat nativo.
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