A região do Belvedere e Vila da Serra, além do Parque Rola Moça e Serra da Moeda, vem sofrendo com queimadas e focos de incêndio, trazendo um passivo muito grande para a fauna e a flora, e para a população que mora próximo às áreas consumidas pelo fogo.
A estiagem prolongada em Belo Horizonte e na Região Metropolitana, com mais de 130 dias sem chuva, vem contribuindo para aumentar o número de incêndios na região do Belvedere e de Nova Lima. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, esta é a maior seca desde o ano de 2019. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, o número de incêndios em matas já totalizou 17.090 chamados entre janeiro e agosto, quase igualando o total de 2023, que contabilizou 17.135 ocorrências. Somente neste mês de agosto, já foram registradas 2.968 ocorrências, e julho foi o pior mês no Estado, com 4.517 chamados, um salto de quase 47% em comparação com julho de 2023. A maioria destas ocorrências acontecem por ação humana, segundo as autoridades.
Lamentavelmente, a região do Belvedere e Vila da Serra, além do Parque Rola Moça e Serra da Moeda vem sofrendo com queimadas e focos de incêndio, trazendo um passivo muito grande para a fauna e a flora, e para a população que mora próximo às áreas consumidas pelo fogo. Recentemente, dois episódios assustaram muito os moradores do Vila da Serra e do Belvedere e, também os usuários da BR-040, quando a rodovia teve que ser interditada por causa das chamas do incêndio que ocorria em suas laterais.
Vila da Serra: momentos de tensão
Um incêndio de grande proporção, que começou na região próxima à Leroy Merlin, se alastrou pela vegetação seca até a Torre Alta Vila e ao Condomínio Villaggio Monticiello, chegando até à divisa com o Vila Castela, onde o fogo somente não se alastrou mais por causa do aceiro feito por este condomínio.
A moradora de um edifício deste local, Júlia Rios, contou que os bombeiros demoraram muito para o atendimento, e quando chegaram não conseguiram acesso à área onde o fogo havia se alastrado, nem levar seus equipamentos até lá. Ainda, que alguns funcionários de edifícios próximos tiveram que usar mangueiras de hidrantes para apagar o fogo e resfriar muros, para a segurança dos residenciais. Moradores viveram momentos de tensão e com o desconforto e mal estar com a fumaça.
BR-040 interditada
Em outro ponto, em área próxima à BR-040, próximo à fábrica da Coca Cola, a ação do fogo foi tão intensa que a EPR Via Mineira precisou interditar a rodovia nos dois sentidos. Segundo informou Thomaz Paiva, morador em Alphaville, além do susto, uma enorme bruma tomou conta da região, deixando o ar ainda mais complicado.
“Esta é uma região que necessita urgentemente de uma base do Corpo de Bombeiros. A nosso favor temos a brigada das mineradoras, o treinamento de funcionários da Associação Geral Alphaville e a Lagoa que pode facilitar os trabalhos. Mas, ao mesmo tempo, temos os registros de inúmeros acidentes da rodovia que geram esta demanda de atendimento da corporação. Se o trânsito está complicado no Viaduto do Mutuca ou no Anel Rodoviário, nenhuma viatura consegue chegar para assistência e suporte”, explicou Thomaz Paiva. Ele citou um incêndio em um supermercado em Alphaville, às 2h30m da manhã, que foi controlado pela equipe de segurança da Associação Geral, pois os bombeiros só chegaram ao local 1 hora depois.
Belvedere: ramal ferroviário
No Belvedere, na área do entorno do antigo ramal ferroviário, ao longo da Rua Rodrigo Otávio Coutinho, as queimadas têm se tornado uma constante. O local possui vegetação rasteira, gramíneas e mais de 100 pinnus elliottiis plantados. Em anos anteriores, várias plantas da espécie foram queimadas e perdidas pela facilidade de combustão.
No último dia 22 de agosto, um pequeno foco iniciado na encosta da via acabou desencadeando um incêndio maior, trazendo transtornos com a nuvem densa de fumaça que pode ser vista em vários pontos do bairro. A fumaça e as fuligens trouxeram grande incômodo para moradores e trabalhadores na região.
A região do Belvedere, durante o feriado do dia 15 de agosto, já havia convivido com um incêndio que consumiu grande parte da vegetação na encosta da Serra do Curral, na região das antenas. Os bombeiros levaram dois dias para conter as chamas.
Promutuca: “Precisamos nos conscientizar”
Regina Faria, diretora da Associação de Proteção do Vale do Mutuca (Promutuca), ressalta que é lamentável saber, que além dos incômodos causados à população, os incêndios trazem prejuízos à fauna e flora locais. E faz um alerta: “A ação humana é na maioria das vezes a principal causa de incêndios. Um simples pedaço de vidro pode provocar queimadas inimagináveis. Precisamos nos conscientizar para o descarte correto e a guarda de nosso lixo”, destacou. Ainda segundo ela, a ONG realiza uma vistoria a cada dois meses em áreas dos condomínios, produz um relatório que é encaminhado ao síndico e convida o mesmo para uma reunião para falar do assunto.
Além disso, a Promutuca, juntamente com os síndicos dos residenciais, criou um Plano Integrado de Combate ao Incêndio. O documento compreende um Plano de Ação que visa à manutenção de aceiros, a mobilização de Brigadas de Incêndio próprias e equipamentos, o treinamento das portarias e instruções de comunicação entre elas, o monitoramento de eventuais focos de incêndios, e a comunicação e monitoramento da chamada junto ao Corpo de Bombeiros.
A Promutuca realiza também outro importante serviço nas áreas de trilhas de motocicletas e bikes, no entorno do Vale do Mutuca. No local são afixadas faixas solicitando aos usuários a zelar pelo local e não jogar lixo e atirar guimbas de cigarro.
Anualmente, a Promutuca promove, gratuitamente, treinamento em prevenção e combate a incêndios florestais para funcionários e moradores de todos os condomínios associados. O curso é realizado em parceria com a empresa Vale. Porém, este ano, embora muito demandado, ainda não foi agendado pela companhia.
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