Geralmente associada de maneira equivocada a grandes estruturas e processos morosos e engessados, a governança corporativa pode e deve ser aplicada em todo tipo de empresa, independentemente do seu porte. Se bem implantada, ela é capaz de fortalecer estratégias, desenvolver competências específicas para superar momentos complexos e promover alinhamento de interesse entre todos os agentes, o que reflete em resultados positivos e superação de eventuais crises.
O pontapé inicial para implantação da governança é o alinhamento dos objetivos estratégicos da companhia entre os diretores. Se não há um direcionamento macro, a empresa se mantém focada em rotinas e corrigir problemas. Alguns pontos podem auxiliar no processo de implantação da governança, tais como os propósitos do negócio, o posicionamento estratégico, a missão, a visão e os valores praticados.
Normalmente, as equipes estão engajadas em fazer o melhor dentro das empresas, mas o que se percebe, muitas vezes, é cada um atuando dentro daquilo que julga ser correto. Por isso, a visão macro é fundamental. Só assim se tem a certeza de quais problemas devem ser resolvidos prioritariamente e como a solução vai gerar valor para a empresa. No entanto, esse alinhamento precisa ser definido e repassado pela alta gestão. Se a diretoria, conselho, presidência ou acionistas não tiverem claro o que desejam, o time se perde no momento em que todos, envolvidos por boas intenções, adotam orientações intuitivas para a tomada de decisão.
Definidos os objetivos macros, passam a ser estabelecidos processos, autonomias e responsabilidades. Nesse sentido, há que se ter de forma bem clara e de conhecimento de todos quais as consequências em não agir em conformidade com o direcionamento apresentado. A ausência dessa política, sobretudo para a alta gestão, gera desconfiança na equipe.
O conselho e a diretoria devem adotar uma abordagem prática para promover uma cultura de integridade dentro da organização. Sabe-se que os colaboradores que sentem que sua chefia age com integridade e relaciona claramente as decisões que toma com os valores organizacionais têm mais chances de comunicar suas preocupações e dúvidas, alertar sobre possíveis problemas de compliance e agir de forma ética em geral.
As boas práticas de governança preconizam que é preciso sempre considerar todos os agentes no momento da tomada de decisão, tanto acionistas e funcionários quanto clientes, fornecedores e outras partes interessadas. Uma empresa existe para gerar retorno financeiro, mas é necessário pensar em todo o ecossistema quando se for criar um direcionamento estratégico, pois é essa cultura de integridade organizacional que vai ditar a longevidade do mercado e da companhia.
Haroldo Márcio / Especialista da Fundação Dom Cabral e sócio da Goose – Consultoria & Treinamentos
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