É muito comum o uso da prática do “fogo das queimadas”, cultivada por alguns agricultores, com o objetivo de limpeza do terreno para o cultivo de plantações ou formação de pastos, controle ou combate de pragas e doenças e, ainda na redução de fontes de material combustível presente na superfície do solo. Neste caso, as queimadas são feitas de maneira controlada.
Nas queimadas controladas, em alguns tipos de biomas como Cerrado e Pantanal, muitas plantas e organismos vivos se beneficiam, pois precisam do fogo para se desenvolverem. As vegetações desses biomas se adaptaram à ocorrência das chamas ao longo de sua evolução e podemos dizer que o fogo, nestes casos, funciona como um instigante ao desenvolvimento da biodiversidade: as sementes ficam aguardando um sinal para nascerem, e o fogo faz com que elas germinem, uma vez que o calor rompe aquela “casquinha” da semente, facilitando a entrada de água, que é essencial para a planta brotar.
Acontece que, muitas vezes, essas queimadas saem do controle e se transformam em o que chamamos de incêndios, que podem alterar direta ou indiretamente, as características físicas, químicas, e biológicas dos solos, como o pH, teor de nutrientes e carbono, biodiversidade, temperatura e densidade. Sem falar no aumento do efeito estufa, na redução da qualidade do ar e da água, e na saúde. Aí vira um problema ambiental e de saúde pública.
No Brasil, o fogo ocorre todos os anos em praticamente todos os biomas, desde a floresta amazônica até o cerrado, principalmente nessa época do ano, que é caracterizada por um período de seca muito grande. Quando o fogo é de grandes proporções, destrói plantas e animais, empobrece o solo, polui o ar e a água, além de provocar mortes de pessoas, acidentes e perdas de casas.
É importante lembrar que existem fogos de dois tipos: incêndios e queimadas. Queimadas são sempre decorrentes de ação humana. Os incêndios podem resultar de queimadas que fugiram do controle, de ações humanas propositais ou de eventos naturais.
O fogo provocado pela ação humana pode acontecer por vários meios: acidentes causados por pontas de cigarro acesas que são jogadas na vegetação seca, acidentes com redes elétricas ou balões que caem na mata. Algumas vezes o fogo acontece de maneira natural, decorrente de raios, por exemplo. Ou ainda por causas criminosas e mal-intencionadas. É importante salientar que a prática de queimadas se enquadra na Lei de Crimes Ambientais contra a Natureza, n° 9.605, de 12/02/1998 tipificada como crime ambiental com possibilidade de reclusão de 1(um) a 4(quatro) anos, além de multa.
Existem regiões que são sensíveis ao fogo e existem regiões que necessitam do fogo. A Amazônia é extremamente sensível ao fogo e, independentemente de ser queimada ou incêndio, pode sofrer ou causar impactos nas espécies que ali vivem. O Cerrado e o Pantanal, por sua vez, são biomas mais adaptados ao fogo, e ele precisa ser manejado com controle para o desenvolvimento das espécies naquele local. Porém, a atividade humana ao longo das últimas décadas vem alterando o regime de fogo natural que esses biomas conhecem e necessitam.
Se por um lado o clima influencia no fogo, por outro, o fogo também interfere no clima. O fogo altera o ciclo da água, pois aumenta a temperatura, ocasionando mais evaporação e formação de nuvens. Além disso, emitem poluentes atmosféricos, como a fuligem e outros materiais particulados que pioram o efeito estufa, ocasionando muitos problemas de saúde, principalmente em crianças e idosos. A poluição atmosférica é, portanto, considerada um importante determinante de saúde da população.
A falta de equilíbrio no uso do fogo leva a grandes impactos no ecossistema como um todo. Funciona como um ciclo com consequências nocivas para o planeta: mais queimadas e incêndios levam ao aumento do efeito estufa, que eleva a temperatura do planeta. Por sua vez, com um clima mais quente e seco, a vegetação fica mais sensível ao fogo, o que pode levar a mais incêndios. É preciso romper este ciclo. O uso do fogo na hora certa e nos ambientes que necessitam das chamas para seu equilíbrio é essencial. Mas a proteção para que não ocorram incêndios em ambientes sensíveis como florestas, é indispensável.
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