Mobilidade urbana é questão indispensável para integração e desenvolvimento de Nova Lima

Gestões de Nova Lima e Belo Horizonte têm como desafios a execução de obras viárias que promovam a mobilidade e integração entre as cidades. A Prefeitura de Nova Lima, por sua vez, já anunciou um avenida ligando a MG-030 e o bairro Jardim da Torre até à região do Vila da Serra, a Via de Integração Rio de Peixe que irá ligar o bairro Honório Bicalho ao Vale do Sol e o viaduto em formato de ferradura, na MG-030 na divisa com BH, no Belvedere. Também está em debate a utilização do leito da antiga via férrea para uma avenida e parque.

A mobilidade urbana é destaque no rol de variáveis que estão sendo propostas para o Vetor Sul. Em Nova Lima, a locomobilidade praticamente virou uma palavra de ordem para a atual gestão, um propulsor para a integração espacial e a diversificação econômica do município, por conseguinte contribuir para o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida das pessoas.

O município está trabalhando em cinco frentes distintas, com anúncio de obras de integração viária entre a MG-030 e o bairro Jardim da Torre até à região do Vila da Serra, na Via de Integração Rio de Peixe que irá ligar o bairro Honório Bicalho ao Vale do Sol, na Via Perimetral que fará o contorno do Jardim Canadá oferecendo mais locomoção ao moradores, no viaduto em formato de ferradura, na MG-030 em divisa com Belo Horizonte, e agora no projeto a ser apresentado para utilização do leito da ferrovia para uma avenida e parque.
Após 50 anos, finalmente uma solução assertiva foi formatada para a região do vetor sul com a oportunidade de oferecer a preservação ambiental e a mobilidade em um único espaço. O acordo celebrado pelo Ministério Público do Estado de Minas Geria para as áreas pertencentes à União, situadas entre os municípios de Belo Horizonte e Nova Lima, finalmente promete uma finalidade para uma área que está há mais de 20 anos sem utilização. O Ramal de Águas Claras da Rede Ferroviária S.A., inaugurado nos anos 70, está desativado desde os anos 2000 após o fechamento da mina de Águas Claras. A área da União, que até então vinha recebendo ocupação de famílias de forma irregular, clandestina e sem controle, agora está sob a guarda provisória dos dois municípios. O acordo cessa a restrição judicial de destinação da área, além de selar o compromisso de todos com a implantação de um parque linear, associado à solução de mobilidade para a região.

O engenheiro paulista, especializado em sistema de trânsito e tráfego urbano, Célio Dantas Ribeiro, morador de um condomínio no Vila da Serra, acostumado com o uso de ferramentas e softwares específicos para coletar, analisar e interpretar dados relacionados ao tráfego, diz que a região há muito deixou de ser instrumento desse tipo de pesquisa, pois o que se vê nesta localidade é um trânsito totalmente sobrecarregado, carente de faixas adicionais e de soluções de trafegabilidade. “O cenário que vemos dispensa a utilização de técnicas como contagem volumétrica de veículos; uma simples observação do comportamento das vias disponíveis já é uma comprovação da necessidade de infraestrutura de mobilidade local”, argumenta. Segundo ele, a região Sul está há mais de 50 anos sem investimentos. “A antiga BR3 e a Avenida Raja Gabaglia são as duas últimas intervenções públicas importantes para a região, conferindo na época mais facilidade de locomoção. Agora, após a região do Vetor Sul passar por várias transformações e desenvolvimento, um acordo propõe uma luz neste cenário e a oportunidade da instalação de um parque”, ressalta.

Segundo ele, a destinação do ramal através do acordo cria uma conexão com a nova avenida recém anunciada pela Prefeitura de Nova Lima, no Jardim da Torre, fazendo um “semi anel” na região, descongestionando a MG-030 que vem registrando muitos engarrafamentos, acidentes e mortes, por ser a única saída da cidade. “Esta é a única solução para as duas cidades e representa o esforço de diversos órgãos, para trazer uma solução para a sociedade, a partir das diversas reuniões dialogadas com o setor público”, destacou.

Univiva defende a preservação ambiental aliada a uma solução viária

O presidente da Univiva, Walmir de Castro Braga, ressaltou que a homologação judicialmente do acordo está “longe de entender como sendo a ‘solução definitiva’, mas reflete a possibilidade de uma solução para a conservação da área verde aliada à possibilidade de uma solução viária”.

O advogado e presidente da União de Associações, Condomínios e Moradores de Nova Lima (UNIVIVA), Walmir de Castro Braga, informou que o acordo já foi homologado judicialmente, nos autos de Ação Civil Pública, 1010301-98.2022.4.01.3800 da 4ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte, do qual a UNIVIVA foi admitida na qualidade de “amicus curiae”, em face da sua legitimidade e regularidade como associação civil.

“Longe de entender como sendo a ‘solução definitiva’, o acordo reflete a possibilidade de uma solução para a conservação da área verde aliada à possibilidade de uma solução viária. Como cidadão e como presidente da UNIVIVA, associação civil, criada em 2017, como sucessora do movimento Frente de Associações e Condomínios do Vetor Sul e que tem dentre os seus objetivos expressos em seu Estatuto ‘aglutinar interesses na busca de soluções, correções ou que reflitam interesses de meio ambiente, aspectos viários e urbanísticos, na região entre Belo Horizonte e Nova Lima, e regiões vizinhas’, sempre defendo e defendemos a busca de um projeto que pelo menos amenize a situação caótica da região do encontro do Belvedere com Nova Lima. Bem como, que preserve o meio ambiente, com a concretização de um parque de área equivalente a três vezes o Parque Municipal de Belo Horizonte – o que é possível!”, ressaltou.

Em depoimento enviado ao JORNAL BELVEDERE, Walmir Braga foi enfático: “Enquanto alguns, motivados pela busca de visibilidade política – num ano eleitoral – preferem a crítica ao acordo, nós sempre defendemos a solução conciliada. Aos que criticaram o ajuste alegando não haver participação da sociedade civil, lembro que no processo judicial que se arrastou por três anos e que homologou o Termo, várias entidades participaram até mesmo de inspeção judicial, o que afasta as alegações que não foram ouvidos”, justifica.

Ainda segundo ele, “também não é verdadeiro o alarde de alguns de que tudo foi resolvido em ‘gabinetes fechados’. O Acordo prevê a participação da sociedade civil organizada na discussão do projeto que irá dar concretude às suas premissas. E nós estaremos lá, contribuindo para uma solução conciliada que ‘derrube o muro’ que separa as duas cidades. Os que moram ou transitam nessa tumultuada região, sabem que não existe solução simplista. Se um lado clama e precisa de uma solução viária para pelo menos minorar o caótico trânsito, o outro lado clama por um parque ambiental efetivo”, relata.

Para ele, defender a restrição de utilização da área com um único objetivo – seja ele só um parque ou apenas uma nova avenida – é ficar olhando e preso a apenas ‘um dos lados do muro’, sem olhar e respeitar o ‘outro lado’. “Que o “muro” efetivamente seja derrubado, e que o alicerce que hoje o suporta tenha a destinação prometida”, finalizou.

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