O conceito de cidades de 15 minutos busca diminuir o tráfego, melhorar a qualidade do ar, reduzir o tempo de deslocamento e promover a interação social, tornando as cidades mais habitáveis e ecologicamente sustentáveis.
A visão contemporânea de cidades como organismos vivos e dinâmicos é uma abordagem que reconhece a intrincada interconexão entre os diversos elementos urbanos, como infraestrutura, populações, economia, cultura e meio ambiente. Essa perspectiva fomenta um planejamento urbano abrangente, considerando tanto os fatores econômicos, quanto os sociais. Os estímulos econômicos, como investimentos e empregos, assim como os estímulos sociais, como educação e saúde, são cruciais para o funcionamento harmonioso das cidades. A negligência desses aspectos pode resultar em desigualdades e desafios. Um planejamento balanceado que incorpora esses elementos é fundamental para a promoção do desenvolvimento sustentável e da qualidade de vida.
Profissionais de várias disciplinas desempenham um papel crucial nesse contexto, enquanto a metáfora da cidade como organismo vivo estimula uma gestão urbana mais consciente e eficiente. Um exemplo desse exercício é o Movimento Somos Cidade, que visa as melhores práticas internacionais de urbanismo no Brasil, educando o mercado, a academia, a sociedade e os gestores públicos.
O administrador e Coordenador do Movimento Somos Cidade, Felipe Cavalcante, explica que nos últimos 100 anos houve foco absoluto no conforto e comodidade dos automóveis, em detrimento das pessoas. “Até 1920, as cidades eram construídas para as pessoas, mas essa arte milenar foi esquecida com o advento do automóvel, onde foi privilegiado o espraiamento e as cidades cresceram para os lados, perdendo-se a ambiência em larga escala”, relembra Cavalcante.
Felipe Cavalcante elucida que as cidades deixaram de planejar urbanisticamente e passaram a desenhar tudo em detrimento do tráfego de veículos, o que acabou com a ambiência urbana. Felipe cita vários movimentos e novas propostas de urbanismo que estão surgindo e chegando no Brasil. Eles priorizam o componente humano no ambiente das cidades.
Combate ao aquecimento global
Sobre esse olhar, Felipe Cavalcante considera a questão do adensamento das cidades como o item mais importante da sustentabilidade no combate ao aquecimento global. “Achamos que o planejamento urbano no Brasil falhou, por isso insistimos em trazer as práticas internacionais. Além do fato de o Planejamento Urbano precisar ser revisto, nós não temos a prática do desenho urbano que é a materialização física nos ambientes. Tal consolidação relaciona os edifícios com as calçadas, as praças com o seu entorno, as fachadas e o paisagismo da maneira correta nos espaços públicos para criar um ambiente urbano melhor”, afirma Felipe Cavalcante.
Ao mesmo tempo, a concepção arquitetônica integral das áreas livres também reconhece uma interação essencial, porém diferente, entre a natureza e o ambiente construído. Essa abordagem não se limita a adornar espaços abertos com vegetação, mas busca uma simbiose entre elementos naturais e construídos na paisagem urbana. A harmonização entre ecologia local, necessidades humanas e estética regional é um objetivo primordial.
“Até 1920, as cidades eram construídas para as pessoas, mas essa arte milenar foi esquecida com o advento do automóvel, onde foi privilegiado o espraiamento e as cidades cresceram para os lados, perdendo-se a ambiência em larga escala”.
Felipe Cavalcante,
administrador e Coordenador do Movimento Somos Cidade
Estilo de vida mais sustentável
Um exemplo é o “Cidades de 15 minutos”, um conceito urbanístico que busca criar comunidades onde as necessidades básicas dos moradores possam ser atendidas a uma distância de até 15 minutos a pé ou de bicicleta. Isso envolve uma mistura de habitação, empregos, serviços, áreas verdes e instalações culturais próximas o suficiente para reduzir a dependência de carros e promover um estilo de vida mais sustentável e conveniente. Conceito, inclusive, que está presente na região, como o Vila da Serra, a Lagoa dos Ingleses com a CSul e o Vale do Sereno.
O conceito de cidades 15 minutos busca diminuir o tráfego, melhorar a qualidade do ar, reduzir o tempo de deslocamento e promover a interação social, tornando as cidades mais habitáveis e ecologicamente sustentáveis. Muitas vezes, isso é alcançado por meio de um planejamento urbano que enfatiza a densidade adequada, o uso misto do solo e a conectividade eficiente de transporte público.
Nesse contexto, a densidade, concentração de pessoas e atividades em áreas específicas, é fundamental para a eficiência de recursos, acesso a serviços e interações sociais nas cidades. Por meio de políticas abrangentes de zoneamento, planejamento urbano sustentável e engajamento comunitário, a gestão urbana busca criar ambientes nos quais a densidade seja um fator positivo, gerando benefícios econômicos e sociais, enquanto evita desafios como congestionamentos, degradação ambiental e desigualdades espaciais.
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