Obras no Belvedere e Vila da Serra trazem novas esperanças para moradores

Intervenções propostas e anunciadas pelos prefeitos Fuad Noman, de BH, e João Marcelo Dieguez, de Nova Lima, para melhoria da mobilidade na região do Belvedere e Vila da Serra trouxe contentamento aos moradores.

O conjunto de obras anunciado pelos prefeitos de Belo Horizonte e Nova Lima causou contentamento aos moradores da região do Belvedere e Vila da Serra. Nas redes sociais, circularam as ilustrações e perspectivas das intervenções propostas com várias observações sobre as mudanças para a melhoria do tráfego na área limítrofe entre os dois municípios. Embora não seja ainda a solução completa para o impacto atual, faltando ainda outro projeto maior que retire e alivie o grande fluxo da Alameda Oscar Niemeyer, no Vila da Serra, as quatro intervenções vão trazer impactos muito positivos no tráfego da região.

Segundo informou o secretário de Segurança e Transporte da Prefeitura de Nova Lima, Cristiano Gomes, a mobilidade urbana será melhorada com a diminuição de veículos em locais de entrelaçamento e com separação do fluxo de acordo com cada destino. De acordo com os estudos efetuados e as simulações realizadas pelos especialistas de trânsito, a instalação da alça viária – o viaduto em formato de ferradura – representará uma redução média de 1.373 veículos/hora transitando na via de acesso ao BH Shopping no horário de pico (entre 17 às 19 horas), com uma elevação da velocidade média de 22,7 km/h para 25,8 km/h. O que representa uma redução do tempo de atraso médio (seg/km) de 94 para 76.

Ainda segundo o secretário de Nova Lima, três obras estão dentro da Estação Ecológica do Cercadinho (EEC) e por isso precisam passar por aprovação pela Assembleia Legislativa do Estado de Minas (ALMG) para a criação da lei de desafetação da área construtiva que se encontra dentro da EEC. Outra questão é a demolição do pontilhão, na saída da trincheira, que também depende da ALMG, uma vez que bens associados a linhas e ramais ferroviários, em uso ou desativados, foram tombados por lei e passaram a ser considerados patrimônio de Minas.

Recursos garantidos

Os recursos para a construção das duas obras de Nova Lima, orçadas em R$ 100 milhões, já estão garantidos, conforme anunciou o prefeito João Marcelo Dieguez. Cerca de R$ 65 milhões virão da iniciativa privada por meio de medidas compensatórias de empreendimentos na região, que fazem parte de um fundo pecuniário administrado pelo Ministério Público de Minas. E o restante será de responsabilidade do município, que possui orçamento para isso. No caso de BH, os outros R$ 100 milhões das obras virão de parte da prefeitura e outra através de financiamentos junto à Caixa Econômica Federal.

Vale lembrar que em agosto de 2022, um Termo de Doação foi formalizado entre o Ministério Público de Minas Gerais e a Multiplan – administradora do BH Shopping – para o repasse de verbas visando a melhoria do trânsito entre os municípios no eixo do Centro de Compras e o bairro Belvedere.

Moradores comemoram

Morador do Edifício Terra, no Vale do Sereno, o Comandante Paulo Naves comemorou o anúncio das obras e disse que o assunto repercutiu durante todo o dia no grupo de vizinhos. “Sou morador da região há muito tempo: 20 anos no Belvedere e seis agora em Nova Lima. Em 1981 não havia nada aqui e hoje o desenvolvimento transformou o Vila da Serra em um “Jardins paulista” e o Vale do Sereno em um canteiro de obras, em função da sua instalação. O trânsito na MG-030 até o Vale dos Cristais é pesado, com uma movimentação muito grande. É alentador saber que soluções viárias estão sendo pensadas para uma região tão impactada”, declarou.

Paulo Naves comenta que para quem precisa sair de casa em direção a Confins, a situação é bem desconfortável. “Não tem como você prever o tempo que irá gastar até o aeroporto. Não saio de casa sem antes consultar o Waze para saber do trânsito”, explicou. Para ele, a obra precisa ser iniciada imediatamente: “Acho que deveria até ser lançada a pedra fundamental, para garantir o serviço e dar ainda mais credibilidade.” Outro ponto abordado por ele foi a utilização da linha do ramal para avenida e parque. “A linha férrea é a solução, resolveria muito o tráfego, principalmente, da Alameda Oscar Niemeyer”.

O Comandante Paulo Naves apontou outra questão importante. “Eu sempre procuro fazer tudo na região, com o mínimo de deslocamento. Mas, muitos não entendem que podem resolver tudo perto de casa. E por isso colocam mais veículos nas ruas. Veja bem, um prédio de 23 andares, sendo 21 deles de moradias, com dois apartamentos por andar, possui 180 vagas de garagem. Se todos os veículos saírem das vagas já causaria uma complicação no trânsito”, destaca.

A turismóloga Rafaela Fagundes, moradora há 30 anos do Belvedere, tem autonomia para falar do trânsito. Diariamente, ela trafega cedinho com os filhos para a escola, fazendo o percurso de um lado para outro da região. “Sou favorável a qualquer obra de melhoria de tráfego. A cada dia o trânsito está pior e estas intervenções pensadas vão melhorar muito a mobilidade urbana. Meu receio é que as obras comecem, mas não terminem. Porém, com a realidade atual, elas precisam ser implantadas o quanto antes, pois temos três novas escolas sendo instaladas na região, além de um hospital. Entendo que as obras vão desafogar a divisa dos municípios, diminuindo consideravelmente o trânsito aqui no Belvedere, que recebe todos os veículos que hoje vêm e vão em direção à Nova Lima”, explica a moradora.

Univiva aprova obras, mas quer solução efetiva à mobilidade em todos os sentidos

Morador do Vale dos Cristais, o presidente da Univiva, Walmir Braga, disse que acompanhou a assinatura de termos de protocolos entre os dois municípios, com várias lembranças dos acontecimentos do ano de 2007, quando morava no Belvedere e a Frente de Associações e Condomínios do Vetor Sul – Frente do Vetor Sul se uniu com a Associação de Amigos do Belvedere para buscar soluções para aquilo que estava se ‘desenhando’ no horizonte: o travamento da mobilidade na região.

“Nesses 17 anos, membros da sociedade civil, em parceria com o MPMG, lutaram e conseguiram algumas vitórias, mas sempre em ‘pílulas’ quase que homeopáticas, que podem ser resumidas em grandes capítulos: um primeiro alargamento da pista sobre a BR; a construção do retorno sob a BR; a alcinha de subida; impedir a destruição da Praça da Lagoa Seca; conseguir a Construção da Trincheira, e tantos outros. Naquela época já apontamos que algumas intervenções foram tão precariamente projetadas que acabariam – como acabaram – complicando ainda mais a mobilidade, como o caso do estreitamento da pista no trevo do Belvedere e a inexplicável parada de ônibus em frente ao shopping, que é uma verdadeira rodoviária urbana às margens da BR”, explicou.

O morador lembra que lutaram – praticamente sozinhos – contra a União Federal, a Prefeitura de Belo Horizonte e outros, para evitar a implantação de edificações em áreas possíveis de soluções de mobilidade. “Não fosse a nossa luta, as quadras 84 e 85 (de BH), onde agora se pretende construir a parte das soluções viárias, teriam sido ocupadas por prédios públicos. Os compromissos celebrados esta semana revigoram promessas feitas há 17 anos. A diferença é que ‘parece’ que a segunda etapa daqueles projetos será (finalmente) elaborada, já com recursos para isto. Caso precisem, tenho os originais dos projetos de todas as intervenções aprovadas pelo DNIT”, destacou.

Para Walmir Braga, os compromissos celebrados e as obras prometidas anunciadas são boas. “Mas, não podemos entender que tudo estará resolvido. Falta uma solução que efetivamente crie uma mobilidade em todos os sentidos. É o que a UNIVIVA defende, inclusive em ação na Justiça Federal. Construir viadutos e a saídas poderá fazer com que o estrangulamento de hoje no entorno do Belvedere seja amenizado e transferido para a Raja Gabaglia, ou para a subida da BR ou Av. Nossa Senhora do Carmo”, defendeu.

Para o morador, “é preciso que todos busquem soluções que englobam todo um projeto viário para a Região Sul de BH – Norte de Nova Lima -, para evitar que comemoremos mais um tento, sem que a partida esteja ganha ou definida”. E terminou fazendo um símile, com citação ao glorioso alvinegro: “De toda forma, como bom atleticano, ‘eu acredito!’. Parabéns a todos que estão nessa longa ‘caminhada’, especificamente aos prefeitos de Belo Horizonte e Nova Lima, e ao Procurador Geral do Estado de Minas Gerais, aos quais rogo que continuem na busca de um amplo projeto de mobilidade que a região merece”, disse.

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