Obras Viárias no Belvedere: moradores e empresários se posicionam sobre a importância das intervenções de mobilidade na região

Flávia Bolognani: “Melhorar a mobilidade da região”

“Isso é um retrocesso. Se vai resolver daqui a 30 anos ninguém sabe. Mas, agora vai e é o que precisamos nesse momento. Essa obra era necessária há mais 10 anos e essa é a oportunidade de melhorar a mobilidade da região”. A declaração é da arquiteta Flávia Bolognani, moradora do bairro desde 1996, que vem se posicionando junto aos moradores sobre a importância das obras do Trevo do BH Shopping e da continuação do projeto executivo original de alargamento das alças.

Para Flávia, é preciso manter o projeto original, criando uma faixa para quem desce a Avenida Nossa Senhora do Carmo e liberando as duas já existentes para desafogar o trânsito no tabuleiro do viaduto. “Não podemos mudar o trânsito para outro local, enquanto que as árvores ao serem retiradas podem ser transplantadas em área próxima na Lagoa Seca, como também a região vir a ganhar um plantio maior com muitas outras espécies. Aqui não estamos brigando com o meio ambiente, mas sim preservando a saúde de todos que ficam horas parados no trânsito, que sofrem estresse e ficam improdutivos dentro dos próprios carros”, declarou.

A arquiteta reforça que o bairro possui duas associações e que, portanto, é preciso ouvir a opinião de todos os moradores. “São associados em entidades diferentes, que pensam diferentes. Decisões assim precisam de uma pesquisa para saber o que a maioria deseja e sempre optar pelo bem coletivo. Minha indignação é também com o egoísmo das pessoas em querer prejudicar o bairro e ainda mais três cidades, cujos moradores usam essas vias para acesso ao trabalho, escola e outros. Essa área onde estão previstas as intervenções é um local de transtorno, de tráfego intenso”, ressaltou.

Emílio Brant: “Precisamos resolver a questão do trânsito”

“Sou contra o corte de árvores. Mas, o progresso está aí e ele traz congestionamentos. Entendo que a cada 100 árvores cortadas, devem ser plantadas mil unidades. Moro no bairro desde 1985 e acompanhei esse trabalho bonito da associação na praça. Mas, agora precisamos resolver a questão do trânsito.” A afirmação é do empresário Emílio Brant, proprietário do Botânico Shopping, inaugurado no final do mês de maio no bairro Belvedere, com 98 operações comerciais e 600 colaboradores diários trabalhando inicialmente.

Emílio Brant conta que um amigo médico relatou para ele sobre pacientes que chegaram sem vida ao hospital depois de ficarem presos ao trânsito na região em ambulâncias, uma situação que segundo ele muitos nem sabem. O empresário comenta que é necessária uma solução rápida, pois o tráfego de veículos na região piora a cada dia. Ele credita aos novos comércios e seus atrativos o aumento do fluxo de veículos, e explica que hoje há um movimento maior entre moradores de bairros vizinhos no Belvedere e deste para outros lugares.

Para Emílio, as obras da alça e do viaduto são necessárias e precisam ser feitas com a maior urgência. Com relação à supressão de árvores, ele traz como solução a criação de um paisagismo vertical e o replantio das espécies no entorno da Lagoa Seca. Ainda segundo Emílio, a Prefeitura poderia utilizar a área de passagem de carros, após o Shopping BH2 Mall, e essa seria transformada em uma grande área de lazer onde também receberia mais espécies arbóreas. “Seria como uma rua fechada, com mais árvores e com um espaço público moderno, atraente. Ao invés de ser fechada apenas aos domingos, seria um espaço de convivência para todos os moradores”, explicou.

Por fim ele declarou: “A gente sabe da conquista da Associação de Amigos, mas o bairro precisa crescer e para isso é preciso garantir a mobilidade e, dessa forma, garantir o menor impacto possível para quem utiliza as ambulâncias e precisa de atendimento, para aqueles que necessitam chegar no horário em seus compromissos, e também para atender quem mora em Rio Acima e Raposos e utiliza essas vias como passagem. Não há outro caminho”.

Elizabeth Alvim Ayres: “É inaceitável essa paralisação”

A advogada Elizabeth Alvim Ayres, moradora há 40 anos no Belvedere, vem expressando sua indignação com o cancelamento das obras nos grupos de moradores: “Isso é um atraso de vida. Este alongamento vai aliviar um pouco o trânsito, até que outras medidas sejam tomadas. É inaceitável essa paralisação. Está na hora de agir, não podemos deixar passar esta oportunidade. O prefeito precisa rever sua decisão que prejudicou a maioria do bairro. É preciso agir de acordo com a Lei de Utilidade Pública”, ressalta.

“Hoje, o trânsito está inviável, por qualquer motivo o acesso aos colégios, aos consultórios médicos, se torna impossível. Se o prefeito” foi levado a erro”, que o ele use da lei e reveja este planejamento, por utilidade pública, por um direito Constitucional, de defesa à vida. Diante de tantos argumentos já apresentados devemos por questão de necessidade pública, aceitar este alargamento apresentado, ou queremos esperar mais 15 anos? É preciso resolver esse problema o mais rápido possível, não dá mais para aguentar!”, declarou.

A moradora conta que o trajeto que fazia para levar os filhos ao colégio em apenas 10 minutos até a Savassi, hoje com os netos gasta até 1h30m. “Ficamos parados no trânsito e prestes a viver uma situação que tende a piorar, pois temos mais dois colégios a serem inaugurados. Nos Estados Unidos e em outros países, o governo constrói ruas planejadas para o futuro. Aqui, não. Então, é preciso abrir as vias. Temos hoje um comércio no bairro que traz movimentação e isso demanda soluções para o tráfego”, explicou.

A advogada diz que as pessoas estão passando mal, ficando aflitas para cumprir seus compromissos, pois estão presas no trânsito. “Sou uma pessoa acostumada a cumprir o horário, por causa da minha profissão. Não conseguir chegar ao trabalho, ao médico ou a qualquer outro compromisso na hora marcada é complicado. E é isso que está acontecendo. Eu sinto muito pelo bairro ter virado o que virou, mas também é um absurdo segurar o progresso. Por isso, é preciso abrir vias, criar novas saídas no bairro, como para o Sion. E, também, transformar a área da Lagoa Seca em um parque para o lazer de todos.”, declarou.

Flávio Galizzi: “É hora de solucionar”

“Essa é a intervenção mais significativa do poder público em uma região que fica paralisada com o tráfego. É hora de solucionar. Eu não conheço o projeto e, por isso, fica difícil opinar. Mas, essa região ganhou uma expansão natural de Belo Horizonte. O Vila da Serra tem cinco vezes mais o número de apartamentos que tem o Belvedere. Se não acharmos uma saída, isso irá prejudicar uma região inteira”. A declaração é do engenheiro e empresário Flávio Galizzi, ao comentar sobre a paralisação das obras de mobilidade no bairro.

Segundo Flávio é preciso pensar geograficamente a região Centro-Sul de forma ampla, no contexto do Vetor Sul da Região Metropolitana. Ele explica que a liberação do comércio no Belvedere trouxe um refluxo para o bairro e este está se tornando um centro comercial sofisticado e diversificado, nos mesmos moldes de bairros nobres de São Paulo e outras capitais. “Essa revitalização do Belvedere trouxe valorização aos terrenos, casas e edifícios. E também uma movimentação de pessoas e operações para o vetor de crescimento. Então, as obras de mobilidade são essenciais. A cidade precisa delas”, destacou.

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