A comandante do 3º Pelotão do bairro, Ten. Jéssica destaca que o Projeto de Câmeras Compartilhadas já possui muitas adesões, mas ainda não dá cobertura de todas as vias da região. A policial militar ressalta que a cooperação entre a Polícia Militar e a sociedade civil é muito importante para resultados mais efetivos na prevenção da segurança pública.
A participação comunitária é extremamente importante para otimizar o trabalho policial na questão da segurança pública. O morador é a “câmera viva” da polícia, capaz de disseminar todo tipo de informação, por isso, é essencial estabelecer uma cooperação entre a Polícia Militar e a sociedade civil para resultados mais efetivos. Esse é o entendimento da Ten. Jéssica, comandante do 3º Pelotão do Vila da Serra, lotado na 1ª Cia de Polícia Militar de Nova Lima, que está responsável pela instalação do Projeto de Câmeras Compartilhadas na região. A proposta, embora venha recebendo muitas adesões ainda está longe de ser totalmente contemplado, pois não conta com a cobertura de algumas vias da região. Atualmente, cerca de 35 câmeras de condomínios estão disponibilizadas para o sistema da PM.
O Projeto de Compartilhamento de Câmeras vem sendo disseminado entre síndicos e gestores, mas esbarra em receios de invasão da privacidade. O Cap. Cristiano Negrão, oficial da 1ª Cia da PM, reforça que todos os processos estão em observância com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e que nenhuma informação será divulgada para outra pessoa. “As imagens que nos interessam são as voltadas para a via pública”, reforçou.
Inibir atos antissociais
Segundo Negrão, as câmeras podem inibir o crime e atos antissociais e melhorar os níveis de prevenção em cada rua. “Isso evita as oportunidades em que o infrator observa para poder atuar. Com as câmeras, a comunidade se comunica mais rapidamente, as informações chegam para a PM que está fazendo a ronda e o patrulhamento. Podemos fazer uma abordagem com elementos mais contundentes. Porque do outro lado há um operador no pelotão observando e fazendo a análise de cada imagem”, explicou Cap. Cristiano Negrão.
Para a Ten. Jéssica, só haverá aumento da sensação de segurança se houver a presença da polícia, da inteligência artificial e da participação comunitária. “Cabe à sociedade abraçar essa causa e torná-la efetiva com sua participação. Todos precisam estar comprometidos com a melhoria da qualidade de vida dos moradores”, destacou a comandante do 3º Pelotão do Vila da Serra.
Adriana e Marcelo Buratto, os parceiros da PM no Vila da Serra
Mas, como despertar na comunidade a necessidade dessa participação e estabelecer um relacionamento mais afetivo com a Polícia Militar? A moradora Adriana Buratto iniciou, há 10 anos, o seu processo de pertencimento da cidade e desde então vem trabalhando não só pela região, mas também em outros bairros através da implementação de projetos sociais. A ajuda prestada por ela à segurança pública local foi algo inusitado e hoje se tornou uma “parceira” da PM.
Em 2019, Adriana Buratto convenceu o irmão Marcelo, especialista em sistemas de segurança em grandes instituições como o Banco Central, a consertar o sinal de uma câmera de Olho Vivo. Marcelo passou mais 4 horas na sede da PM e solucionou problemas de fontes queimadas do sistema, e chegou a subir em um guindaste da Polícia para consertar a câmera de Olho Vivo no alto de um poste da Alameda Oscar Niemeyer. “Foi um trabalho voluntário, no início com algumas limitações, mas hoje sei que posso continuar oferecendo meu conhecimento para ajudar e resolver de imediato um problema que poderia se estender por muitos meses. Agora, se alguma câmera parar, é só me ligar que estou pronto a ajudar”, informou Marcelo Buratto.
Para Adriana Buratto, o ambiente de segurança começa quando a polícia deixa de resolver um problema técnico, aleatório, para focar na sua atividade. “A polícia deixa o problema burocrático para priorizar uma atuação mais preventiva. Entendo que a presença da Polícia Militar no bairro e a participação ativa da comunidade permitem a todos a identificar mais rapidamente os problemas e pensar conjuntamente em uma solução mais assertiva e próxima da realidade local.”
Segundo Adriana Buratto, para “a otimização do policiamento no Vila da Serra é preciso o envolvimento por parte de síndicos e gestores através de reuniões para que sejam apresentadas demandas. Essa é a nova realidade. A participação da sociedade é de fundamental importância, pois é das necessidades que serão apontadas soluções e operadas mudanças“, ponderou.
Canais de ajuda aos cidadãos
A Ten. Jéssica reforça que com uma população flutuante muito grande, o Vila da Serra vem recebendo ações e operações especiais aliadas à inteligência artificial, mantendo a segurança no bairro: “As atividades policiais precisam acompanhar as mudanças locais, trabalhar em caráter preventivo, pois estamos em um bairro de poder aquisitivo alto e alvo de interesses alheios. É preciso compatibilizar o trabalho dos policiais militares com os anseios e necessidades dos moradores. A segurança é sim um dever do Estado, mas também uma responsabilidade de todos, daí a necessidade da participação de cada um nesse processo”.
O Cap. Negrão lembrou dos importantes canais de ajuda ao cidadão que são o 190 e o 181 (disque denúncia). “Qualquer atitude suspeita precisa ser comunicada para abordagem.” E ressaltou “como policiais, temos um dever que vai além de promover a segurança pública no bairro, porque somos clientes do nosso próprio serviço como moradores”, disse ele.
Nélson Vinícius, servidor da Prefeitura de Nova Lima cedido ao pelotão, é quem realiza o trabalho de análise das imagens das câmeras de Olho Vivo e das outras 35 do Projeto de Compartilhamento. Ele afirma que as Câmeras Compartilhadas auxiliam o sistema de Olho Vivo a conseguir a localização de veículos e infratores mais rapidamente. E que a adesão de prédios já chegou a um terço, porém precisa aumentar. Mas, se surpreende quando abre o sistema pela manhã e percebe que condomínios disponibilizaram mais câmeras externas sem comunicar à PM para atualização.
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