Zoo: o lado que ninguém vê

Ir ao zoológico com a família ou com a turma da escola sempre foi um programa dos mais fascinantes, pelo menos na minha opinião. Para muitas pessoas, no entanto, estes lugares não são nada inspiradores. Ao contrário, há quem os considere como “depósitos de animais”. Ainda nos dias de hoje, não faltam críticas e questionamentos, até mesmo sobre a existência dessas instituições. Essa verdadeira aversão nos acompanhou durante décadas, de uma época onde o objetivo principal era, de fato, manter os animais em exposição para fins recreativos.

Entretanto, favorecida pelo surgimento de novas ideias e formas de pensar, essa visão distorcida vem mudando e tais espaços têm sido cada vez mais reconhecidos por sua importância na conservação das espécies, na promoção da Educação Ambiental e como instrumento para estudos e pesquisas.

Este trabalho admirável começa nos bastidores, onde uma equipe de profissionais dedicados se empenha incansavelmente na realização das mais diversas atividades que compõem a gestão de um zoo.

As ações do homem sobre o meio ambiente têm causado uma crescente pressão às populações de diversas espécies da fauna, levando muitas delas ao risco de desaparecer. Neste contexto, os zoológicos figuram como importantes agentes de transformação, através dos programas de conservação de espécies ameaçadas de extinção. E, para obter o êxito reprodutivo esperado, é crucial manter o cuidado com o bem estar dos animais, reflexo de diversos fatores, como a elaboração de dietas específicas e balanceadas, limpeza frequente dos recintos, manutenção da boa saúde, através de tratamentos e avaliações veterinárias, enriquecimento ambiental para os recintos, que irá proporcionar aos seus habitantes a vivência compatível com seus hábitos naturais, com espaço, vegetação, “brinquedos”, áreas de refúgio, abrigos, água, entre outros. Evidentemente, estas tarefas se estendem à todos que ali vivem, não somente aos mais vulneráveis.

Os zoológicos são locais importantes de fomento à Educação Ambiental. É improvável que, ao ver uma girafa caminhando ou um grupo de macacos-prego fazendo algazarra, o visitante não se sinta no mínimo curioso. Interessado em aprender mais sobre aquela espécie, ele pode ser conduzido ao desejo de preservar. Muitos são os espaços e programas dedicados à esta valiosa área dentro dos zoos, onde as pessoas têm a oportunidade de aprender e experimentar através dos sentidos o mundo envolvente dos animais, por meio de rodas de conversa, palestras, dinâmicas, visitas guiadas, concursos e campanhas, eventos em datas comemorativas, passeios em trilhas, piqueniques e outras tantas atividades que levam à construção da prática da preservação.

Aos especialistas e instituições parceiras, oferecem ainda a oportunidade de realizar estudos e pesquisas sobre a biologia, comportamento e status de conservação das espécies, cujo produto final abarca uma série de trabalhos científicos e publicações relativas ao tema.

Apesar de todos os problemas e desafios enfrentados pelos zoos, eles são espaços que merecem o nosso respeito e cuidado. Seria muito bom que as pessoas começassem a enxergá-los de outra maneira, com um olhar direcionado ao que de positivo eles possuem e ao serviço valioso que fornecem.

Mais do que isso, devemos refletir sobre o quanto as nossas atitudes têm afetado a natureza, tendo em mente que muitos dos animais que vivem nos zoológicos ou integram os programas de conservação estão ali devido ao impacto destas atividades predatórias.

Raquel Schettino Werneck / Bióloga e Diretora de Educação Ambiental da Promutuca / www.promutuca.com.br • adm.promutuca@gmail.com

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