Assalto em condomínio no Belvedere mostra a fragilidade nas portarias

A fragilidade na portaria do condomínio está associada à falta de treinamento de profissionais, da atenção ao redor e ao controle de acesso inadequado. Fatores que colocam em risco a segurança de todos e a proteção de moradores e de seu patrimônio.

A portaria de um condomínio, que deveria ser uma fortaleza aos moradores, com segurança reforçada através de tecnologia, pessoas bem treinadas e equipamentos, apresenta falhas e pode pôr em risco a proteção de moradores e seu patrimônio. É sabido que o número de furtos a residências, especialmente a condomínios, têm subido significativamente em Belo Horizonte. E, recentemente, mais um caso ganhou grande divulgação entre a população com um fato ocorrido no Belvedere, quando dois jovens ingressaram em um condomínio de luxo, com muita facilidade. A dupla, aliás, já havia conseguido com êxito também ingressar, anteriormente, em outro condomínio no bairro Funcionários meses antes.

Para o presidente da Associação de Amigos do Bairro Belvedere (AABB), Ubirajara Pires, a segurança nos edifícios está cada vez mais ameaçada pelos criminosos por causa da fragilidade que há nas portarias, e pela falta intimidação dos que atuam nos roubos. Segundo ele, o primeiro erro é o do morador, pela falta de cuidado ao autorizar uma entrada sem avisar ao porteiro e este se confunde na hora de permitir a entrada da pessoa. Ubirajara conta que recentemente ao entrar em sua garagem um motoqueiro entrou junto com ele, estacionou em uma vaga e este teria sido autorizado pelo morador.

“Ora, a garagem deve ser de uso exclusivo de moradores. Isso está no regimento interno do condomínio. Não adianta desconfiar de alguém depois que este já entrou. A fiscalização na entrada é a primeira proteção, mas é preciso antes disso treinar os porteiros e demais funcionários”, ressaltou Ubirajara Pires.

Pires lembra que a AABB juntamente com a Polícia Militar realizou um treinamento para os porteiros e que dos 96 edifícios convocados, apenas 12 porteiros compareceram para a capacitação. “Se não treinar, não adianta, porque a Polícia não consegue atender o acesso a todos de forma preventiva, porque não há efetivo suficiente em cada companhia”, disse. Ainda segundo ele, o morador do Belvedere não se integra ao coletivo, à participação em grupo. E se não houver atenção e comprometimento de todos, os assaltos vão continuar.

Equipe qualificada e tecnologia

Maurício Zanon, CEO da Expert Consulting, uma das principais empresas de síndicos profissionais de Belo Horizonte e região, destaca que em cinco anos de atuação nunca houve qualquer incidente similar em algum dos condomínios administrados pela empresa. Tal histórico, de acordo com ele, é resultado do que ele chama de Tríplice Segurança da Expert. “Primeiro, a equipe qualificada. Nos dois casos recentes, os bandidos ingressaram nos condomínios através da autorização dos porteiros, que liberaram os acessos sem confirmação das identidades. Mesmo profissionais com anos de atuação nos empreendimentos e com conhecimento dos condôminos e visitantes cometem erros. Neste sentido é fundamental garantir a capacitação e reciclagem destes profissionais nos procedimentos de segurança recomendados por autoridades e especialistas na área”, destacou Maurício Zanon.

O segundo ponto, de acordo com Zanon, é a tecnologia. “Hoje há grande oferta de recursos tanto para acessos nas portarias quanto nas garagens como: sistemas de leitura facial, tags para monitoramento das placas e acessos nas garagens, clausuras para checagem preliminar tanto de pedestres quanto de veículos, câmeras inteligentes e sistemas de gestão”, informa.

Participação dos moradores

E o terceiro ponto observado por ele são os processos. “Somente equipe e tecnologia não são suficientes para garantir a segurança e tranquilidade dos condôminos, é preciso garantir processos robustos e contar inclusive com a participação dos moradores. O ingresso de prestadores de serviço e visitantes só podem ocorrer mediante autorização dos moradores e todos devem ter suas imagens, isto é foto, e documentação checadas e inseridas em um sistema de gestão. Os acessos às garagens e andares devem ser restritos aos condôminos”, explica Zanon.

“Não recomendamos que delivery suba para entregar as encomendas nas portas das unidades. Se possível, os halls das unidades devem se manter liberados apenas para os condôminos através de elevadores com senhas. Moradores ao ingressar ou sair do condomínio não devem permitir que estranhos ingressem no prédio sem prévia liberação da portaria. Um dos perigos comuns do condomínio são os “caronas” que aproveitam a abertura das portas ou portões de garagem para também acessar o empreendimento”, destaca, informando que garantindo estas e outras medidas, a Expert se tornou referência em segurança e tranquilidade para os condomínios administrados pela empresa.

PM: dupla ficou 40 minutos sem ser percebida

De acordo com o Sgt Weslley, da 124 ª Cia da Policia Militar, “houve uma falha procedimental na portaria, de permitir o acesso sem identificação e sem confirmação do morador”, informou. Ainda segundo ele, houve ainda outra imprecisão agravante, que foi a permanência dos dois rapazes dentro do condomínio por 40 minutos, após saírem do apartamento onde fizeram o roubo. “O sistema do edifício flagrou somente a entrada no elevador e na residência da vítima. Eles ficaram dentro do residencial sem serem vistos e um comparsa ficou no portão, do lado de fora, em pé, mexendo no celular durante todo o tempo. O porteiro não se atentou para o fato e se tivesse chamado a PM, haveria tempo de sobra para averiguar a situação e prender os bandidos”, concluiu.

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